domingo, 24 de fevereiro de 2008

A Fidelidade em cheque- Parte I


Em 1954, Fidel era julgado pela invasão mal-sucedida do quartel de Montágua em Santiago de Cuba. Em seu discurso de defesa, declarou em tom profético: "a História me absolverá".Hoje, em 2008, a grande pergunta é se a História realmente o irá absolver.


Digo que, num país onde todos tem acesso a saúde pública de qualidade, com a menor taxa de analfabetismo das Américas(sim, menor até mesmo do que de EUA e Canadá) e que todos tem oportunidades à prática esportiva, há, possivelmente, muito mais democracia(poder e participação popular, igualdade de condições e oportunidades) do que numa nação semi-escravista como o Brasil do século XIX, XX ou XXI. Cuba com uma população menor que o estado da Bahia é, por exemplo, a maior potência olímpica do continente americano, com 170 medalhas, todas elas conquistadas a partir dos Jogos Olímpicos de Munique(Fidel entrou no poder em 1959).


Esta inferência, no entanto, realmente não parece tão clara para todos. Os prismas sobre a ilha caribenha sempre foram, excessivamente, viciosos e passionais. Os dados sobre desrespeitos dos direitos humanos, por exemplo, são muito questionáveis. Cuba sempre foi um agente de polarização. Era "satanizada" pelos regimes militares e havia um grande medo de que aquilo se tornasse um modelo para toda América Latina, sem dúvida, foi uma das principais causas para o apoio estadunidense aos vários e violentos golpes de Estado na região. Os exilados brasileiros voltaram dizendo maravilhas da Revolução Cubana e dos avanços no país, angariando forte simpatia deste governo em setores tupiniquins. Bem ou mal, há, segundo a Anistia Internacional, hoje em Cuba 250 "presidiários por consciência", dentre os quais 38 por críticas explícitas ao governo. Em 2005, um grande admirador do regime cubano rompeu com Fidel: José de Saramago declarou-se decepecionado pelo fuzilamento sumário de três homens que sequestraram uma balsa par fugir para a Flórida. Em contraste a isto, o que não se divulga, também, é a constante tortura de imigrantes cubanos ilegais que se envolvem com crimes nos subúrbios de Miami. São comumente torturados e sofrem duros castigos físicos, isto é oriundo da ausência de uma relação diplomática entre seu pai e o Tio Sam, não tendo, assim, mecanismos para recorrer e buscar uma proteção nas terra ianques


Sem julgamentos precipitados do mitológico comandante, please. O fato é que o revolucionário Fidel ainda tem ampla aceitação e apoio do povo cubano. Não confundam a liberdade de Cuba com Cuba Libre. Coca-Cola, mesmo que com o run local, não é sinônimo de livre expressão, nem mesmo de "livre-iniciativa".



Otávio Bessa



Obs: este assunto é grande. Prometo uma análise mais minuciosa dos 49 anos de castrismo no poder depois.

Um comentário:

Unknown disse...

meu irmao, gostei mto do texto, nem tenho mto os acrescentar mais aki!!!

Parabens Otavio, seu blog esta mto bom!!