sexta-feira, 21 de março de 2008

Paulo Henrique Amorim e sua saída do IG(não do PIG)


"Olá! Tudo bem?"


O Porta IG anunciou na última terça-feira a recisão contratual do jornalista Paulo Henrique Amorim. O provedor hospedava o polêmico site Conversa Afiada, que já está fora do ar. O jornalista, por meio de um recurso judicial, recolheu seus pertences e o arquivo do site.




Até aí, aparentemente, tudo normal. A grande questão são os reais motivos por esta verdadeira demissão. Amorim, apesar de eventuais críticas ao PT e ao governo Lula, é tido com um árduo defensor da situação e da "esquerda". É um árduo crítico da grande mídia(apelidada por ele de PIG: Partido da Imprensa Golpista), principalmente da revista Veja, dos jornais O Estado de São Paulo e Folha de São Paulo e da rede Globo. No Conversa Afiada, inclusive, criou o IVDL(Índice Vamos Derrubar Lula), como forma de satirização a aparente parcialidade midiática.




Para entendermos todo o imbróglio, é importante contextualizar o IG. O portal, pioneiramente o primeiro provedor de internet grátis do Brasil, teve seu controle acionário assumido pela Brasil Telecom em 2004. O valor desta negociação foi de 132.741.582 dólares( a empresa passou de 9,5% para 88,7% sua participação no provedor). Tratou-se de uma transação no mínimo curiosa. Na época, a consultoria britânica Theaters & Greenwood avaliou o IG em somente 54 milhões de dólares. Já os antigos donos do provedor, declararam que a empresa valeria 140 milhões de dólares. Tudo isto é, aparentemente, estranho. A grande questão é que a Brasil Telecom até 2003 era controlada pelo Banco Opportunity(sim, dele mesmo: o controverso Daniel Dantas) e passou ter forte participação acionária da Previ, o fundo de pensão dos funcionário do Banco do Brasil, o que para muitos críticos(leia-se Diogo Mainardi) seria um forte indício de possíveis intervenções estatais. Com a mudança de dono, houve grandes guinadas editoriais.


O provedor passou, então, a contratar grande grifes do jornalismo especialmente "simpáticos ao governo Lula"(pelo menos muito mais do que o dito PIG) como Mino Carta, Paulo Henrique Amorim e Franklin Martins(este até se tornou ministro-chefe da Secretário de Comunicação Social). Estes nomes, segundo o discutibilíssimo Diogo Mainardi, receberiam salários maiores do que o valor de mercado.. Além disto, foram, também, contratos nomes assumidamente governistas para escrever em blogs no provedor, como o ex-presidente da União Nacional dos Estudantes Gustavo Petta e o jornalista Luis Favre, marido da ex-prefeita de São Paulo e ministra do Turismo Marta Suplicy.


Independentemente de qualquer juízo de valor, é natural que o episódio em questão se deva a muito mais do que "custos do contrato e condições de mercado" como escreveu Caio Túlio Costa, Diretor Presidente do IG, em editorial. A ação judicial de Amorim é um claro sinal de uma motivação mais profunda. Chapa-branca ou não, Paulo Henrique tinha uma site diferenciado, em que, realmente, tratava os assuntos de uma maneira diferenciada do que a grande mídia: por enquanto, perde muito o jornalismo.


"Boa noite e boa sorte."



Otávio Bessa



(Obs: estamos de volta!)

Nenhum comentário: